(Autoria de nossa Colaboradora Meyre de Mesquita)
...Já as filósofas alternativas pecam pelo o excesso e amam procrastinar sob efeito de substâncias psicotrópicas. Uma vez que lhes são concedidas à palavra, elas esgotam a paciência de seus interlocutores com assuntos de astrologia, reciclagem, dieta vegan, oficinas de interpretação, trabalho voluntário, cafés literários e, acima de tudo, Maria Bethânia. Elas são VICIADAS na Bethânia. Adoram entrelaçar conversas e acreditam que tudo na vida é cíclico, inclusive seus ex-relacionamentos que vão e voltam como ioió, de tanta simpatia, reza e amarração que elas fazem. Não podem escutar nesta cidade todo mundo é de Oxum que começam a se peneirar cheias de vibrações yorubás. Eternas apaixonadas, assim que terminam de trepar, passam horas massageando o couro cabeludo de seus parceiros (adormecidos) enquanto tecem juras de amor madrugada adentro, embaladas por uma seleção FM de músicas românticas. Filósofas alternativas escutam músicas, não gente. Suspiram a cada trinta segundos com o mesmo olhar da Brook Shields em Lagoa Azul, e não é raro vê-las chorar sem motivo algum. São tão doces que chegam a causar diabetes.Essas conclusões foram alcançadas ao longo de anos de pesquisa, observando comportamentos, anotando reações, recolhendo informações, tomando coiós, e ao término de tudo limpando os ouvidos com bastante creolina, pois esses exalavam um aroma semelhante ao do cu. Tudo que me resta agora é fazer a fina e agradecer sua atenção por ter lido tanta inutilidade, porém não tive outra escolha além de revelar o segredo, pois não conseguiria guardá-lo por muito tempo: escutar é realmente a solução p’ra quase tudo. Não importa o quanto você conteste, mais cedo ou mais tarde, acabará necessitando de um ombro amigo, ou de um ouvido disperso, para despejar suas inseguranças e neuroses. E a simples presença de alguém que pareça te querer bem fará, no mínimo, sua vida pequena valer a pena.
Um comentário:
Mara!! Inteligentíssimo, embora eu admita que adore a Maria Bethânia!!
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