quinta-feira, 25 de março de 2010

Dúvidas de como se portar segundo o código de 'Ética gay'

Pamella Bottom

Ai, amigas, nestes tempos pré-eleitorais a gente tem que estar preparada para tudo. Para as passivas isso é bem mais fácil, já que nós, por amor a arte, devemos estar sempre preparadas, pois nunca sabemos quando vai surgir uma rola no nosso caminho.
Mas ainda assim, há uma coisa que machuca a Alma Passiva, machuca como uma má-chuca, uma chuca mal feita. Todos os candidatos adotam a bandeira da Ética, mas nenhum deles se mostra preocupado em abordar os verdadeiros valores éticos, aqueles que constituem a base da natureza humana.


Há milênios a humanidade discute os inevitáveis conflitos que surgem em razão das diferenças de opinião nas relações interpessoais e principalmente no choque entre culturas com valores muitas vezes opostos. Desde que Aristótela, uma grega descolada que abriu o debate com seu manifesto "Ética a Nico, a Mona", a quase total unanimidade-burra dos pensadores concorda que o traço comum a todas, seja uma bonita, barbie, quaquá ou enrustida, é a busca da felicidade. Todas buscam ser felizes, alegres, gays!


É por isso que ela, tal e qual uma Alanis Kardecsete da Passividade, vem lançar as luzes da modernidade sobre a mensagem já deturpada e quase esquecida da Mestra Aristótela, restaurando o sentido original da Ética gay. Como num livro de Paulo Cu-de-Joelho, onde o Universo transpira e tudo se encaixa, nem mesmo o cacófato é um deslize da escritora. Ele nos remete a um dos princípios fundamentais da ética, que ela vai explicar a seguir.

Não fazer a chuca e cagar no pau de quem te come é profundamente antiético!! Porém, com exceção das Passivas Monalargas, todo mundo está sujeito a isso. Por isso, caso aconteça com você, querida leitora, seja fina, mesmo que tenha feito uma sujeira grossa, e diga o primeiro axioma da Ética Gay: "É, te caguei - deixa que eu limpo!" Aprendida esta primeira lição, vamos passar a outras questões que sempre nos atormentam e foram pinçadas dos milhares de e-mails que ela recebe das leitoras:


*É possível ter um comportamento ético numa suruba?

Claro que sim. Lembrando as sábias palavras de minha avó ruiva, "Boa educação e rola pequena cabem em qualquer lugar". Por isso, mesmo numa suruba é importante ter em mente que nosso propósito é a busca da felicidade. Como felicidade de passiva é rola, avistando uma de bom calibre, caia matando, seja a primeira a chegar lá, usando os cotovelos para afastar as rivais, se necessário. Afinal, a ética moderna diz que os fins justificam os meios.


*O que fazer quando pegamos o namorado de uma amiga saindo com outra?

Bem, o mais correto é fingir que não viu nada e passar batido. Porém, no meio gay é comum haver uma certa rivalidade até mesmo entre as melhores amigas e se for esse o caso, você tem todo o direito de ligar imediatamente para ela, a pretexto de amizade, e se deliciar ao vê-la arrasada. Agora, se o bofe for escândalo, o melhor mesmo é dar o flagra nos dois, e assim que botar a bichinha pra correr, agarrar o bofe e dizer "agora vai ter que me comer também ou eu vou contar pra todo mundo!"

*Posso dar em cima do namorado da minha melhor amiga?

Corolário da pergunta anterior, não só pode, como deve. Bicha não respeita ninguém mesmo e a obrigação de cada um é cuidar do seu bofe. Se a bonita fica desfilando com o namorado por aí pra cima e pra baixo ela ta se expondo a perdê-lo. Neste caso, uma atitude perfeitamente de acordo com a ética é cantar o bofe, e se possível trepar com ele, sem que a amiga perceba nada.
Então, a ética gay não condena a traição? Mas o que é a traição? Traição é algo que só existe no outro. Conosco, é chamado de deslize, carência, compulsão. Na verdade, trair é como respirar – um ato necessário a nossa sobrevivência. É fundamental, no entanto, aprender a trair sem deixar rastros. Afinal, o que os olhos não vêem, o edy não deseja.


*Mas o que fazer se for pego em flagrante?

Ah, isso todo mundo sabe. A primeira ação é inverter o jogo, atribuindo a culpa da traição ao próprio traído, seja por não dar segurança, seja por desconfiança de infidelidade anterior. Ele cavou essa traição! Se não colar, jure amor eterno, alegue insanidade temporária ou possessão demoníaca, passe uns dois ou três dias bajulando o parceiro que em breve tudo voltará ao normal. O importante é fazer de tudo para acalmar seu namorado, já que a última coisa que você quer é que ele saia espalhando esta história entre seus amigos (o que definitivamente não é nem um pouco ético). Afinal, uma coisinha pouca como essa pode acabar destruindo aquela sua imagem de maridinho apaixonado. E uma bicha sem imagem o que é? Não é nada! Agindo assim você sai dessa saia justa e logo-logo poderá aprontar outra vez. Mas por favor, sem deixar pistas...


(Brincadeirinha..rsrsrs)Beijos.